não
precisa mais pular as janelas
como um
salteador barato.
agora
as portas estão abertas
e você
simplesmente passa...
talvez
já tenha até mesmo esquecido
a dor
de atravessar as paredes
e o
cheiro dos encanamentos enferrujados
em que
a gente se enroscava.
guarda
a sua loucura
numa
caixa,
num
cofre atrás do quadro,
tranca
no armário,
nas gavetas,
nas gavetas,
no
porta-malas do carro,
deixa a
sua loucura de castigo
fechada
no quarto,
engole
a chave
e
aguenta o peso do ferro no estômago.
(seu
estômago já aguentou coisas piores, não é mesmo?)
mantenha
a sua loucura bem segura
nesse potinho
hermeticamente lacrado.
não se
lembre de como era bom de um salto flagrar
um
disco na vitrola, uma droga, um strip-tease,
de um
salto a noite tirando seu vestidinho preto,
e a
gente barrando a penetração do sol
com
nossos óculos escuros e um doce desprezo.
nem lembre
que toda janela saltada guardava surpresas.
e de
como nos sentíamos super-heróis ao atravessar paredes.
esconda
seus superpoderes,
se
disfarce.
do
outro lado da porta
são
impiedosos com quem voa.
e é por
isso que eu abro a caixa, o cofre, o armário, as gavetas, o porta-malas, o
quarto e o potinho hermeticamente fechado.
ainda prefiro o
cheiro dos canos enferrujados.
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