Às
vezes, vou fazer arrumação
e
encontro um monte de caneta sem tampa
e mais um
monte de tampa solta.
Só que
as tampas não encaixam nas canetas.
Aí eu me
pergunto onde estão as canetas daquelas tampas
ou as
tampas daquelas canetas
Ou se
foi sempre assim e nunca notei
Ou se o
tempo separadas as fez mudar de forma
Em que
parte do caminho elas deixaram de encaixar?
Eu
mesma me sinto uma tampa
ou uma
caneta
dessas
largadas na bagunça do quarto
dessas
que eu nunca acho
ou
estão sempre trocadas
ou
mudaram de forma.
Não me
encaixo
em
nenhum lugar.
As
canetas ainda servem
enquanto
há tinta para gastar
em um
poema
desses
que tampouco servem para nada.
Mas a
tampa,
o que
fazer com ela?
Guardo
tampas desencaixadas
por
medo de ser jogada fora.
Tampas
vermelhas ou pretas
quando
só há canetas azuis
ou
muito largas
ou
muito estreitas
Tampas
claramente perdidas para sempre
de suas
canetas
estouradas
ou gastas
em
tantos poemas
Tampas
modificadas
por
tanto tempo
e
tantas separações
que
jamais encaixarão novamente
em
nada.
Um dia
ainda escreverei
só com
as tampas.
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