Os
velhos tênis de corrida
querendo
sempre se pendurar
nos
fios de alta tensão
O
silêncio dos cisnes
de
todas as tardes
Nossa
cumplicidade de moradores do lago
que
congela
Talvez
embaixo do bloco de gelo
a cada
inverno
aguardando
qualquer mísero derretimento
para
respirar
Pegar
um voo barato pra qualquer lugar
Migrantes,
nômades
Um
cisne de asas cortadas
Patinho
feio, pobre,
Latino-americano
(Meu
balé é um belo pancadão – até o chão)
Me
derreto por qualquer bobagem
Picolé
de verão
Todas
as pontes sobre os canais daquela cidade
Travessias,
ligamentos,
convite
ao salto
- até
isso pode parecer bonito
pra
quem tem poesia no lugar
de um
coração
Deixa
virar pedra
e
esculpe
um
monumento em praça púbica
Triunfalmente
sentado
sobre
um jegue
empunhando
um abacaxi
- “Meme
ou morte!”
Nem em
matéria de poesia
a gente
se leva a sério
Nem de
coração
Rir é
bom
e nem
sempre eu ria por aquelas ruas frias
Mas
quem está rindo agora?
Viramos
um povo triste
com os
dentes expostos
como
uma caveira
Ou nem
isso –
Aqui,
nem
fóssil humano antigo
resiste.
Por que
eu deveria?
Meu
museu é a rua.
Estou
exposta
com uma
mala roçando no calcanhar
sem ter
onde chegar
Aqui,
entro e fecho o zíper.
Respiro
menos que num lago congelado.
Um
desses balões de gás hélio
que
minha sobrinha ganha
em todo
passeio no Campo
a cada
fim de semana
Coloridos,
incríveis, nas suas mãos,
seu
encantamento!
Só
murcham se ficam presos no apartamento.
Se
somem no céu,
serão
sempre lindos
Como
uma lembrança
Uma saudade
Uma
língua estranha
que a
gente aprende
só pela
metade.
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