Você se veste de maestro
para reger o trânsito
desorientando os carros.
Eu vejo você assim,
de pinguim.
Eu também me lanço de barriga no asfalto.
Vamos deslizar no gelo da cidade
até derreter o último sorriso.
As buzinas não param.
Nossas batutas agora são varinhas mágicas
transformando todos os carros em abóbora.
Abóboras plantadas no engarrafamento são mais belas.
A avenida Presidente Vargas agora toda tomada por abóboras,
reivindicando seu direito ao baile.
De repente, uma chuva de sapatos sobre a Baía de Guanabara.
Milhares de sapatos são arremessados da Ponte Rio-Niterói,
porque é muito mais gostoso dançar descalço.
É verdade, eu estava lá.
Arremessei um par de sapatos rosa com salto de madeira,
muito bonitos.
Eu jamais deixaria de colaborar
com uma plantação de sapatos no fundo do mar.